Para evitar uma avalanche de ações na Justiça, o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (8) que a mudança no rito de
aprovação das medidas provisórias só valerá para as que forem editadas a
partir de agora. Por consequência, a lei que criou o Instituto Chico
Mendes a partir de uma MP editada pelo governo volta a ter validade. O
Supremo tinha derrubado essa lei na sessão desta quarta (7).
Na quarta, o tribunal decidiu que são inconstitucionais as leis que
desrespeitarem regra, prevista na Constituição, que exige a análise das
MPs por comissão mista, formada por parlamentares do Senado e da Câmara.
Só depois da aprovação nessa comissão, a MP poderia ser votada no
plenário do Congresso.
A decisão foi tomada após análise de ação contra a lei que criou o Instituto Chico Mendes,
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Nesse julgamento, os
ministros consideraram ilegal uma resolução do Congresso que permitia
"pular" a aprovação na comissão mista ao se analisar uma MP. Essa regra
estabelecia que, se a MP não fosse votada em 14 dias pela comissão
mista, poderia seguir diretamente para análise em plenário.
A questão foi rediscutida nesta tarde a pedido da Advocacia-Geral da
União (AGU), que sugeriu ao STF um prazo de 24 meses para que o
Congresso se adaptasse à orientação. Mas o Supremo não determinou um
prazo para que a comissão mista seja instalada e comece a funcionar.
“Não há necessidade de outorga de prazo para o Congresso. Daqui pra
frente o Congresso pode deliberar apenas de acordo com a Constituição.
Todas as leis aprovadas com observância da resolução são
constitucionais”, afirmou o presidente do Supremo, ministro Cezar
Peluso.
De acordo com a Advocacia-Geral da União, cerca de 500 MPs foram
aprovadas por meio do rito anterior, considerado inadequado pelo STF.
Essa ilegalidade poderia resultar na contestação de todas essas normas.
Segundo o advogado-geral da União, Luís Inácio de Lucena Adams, ainda
há cerca de 50 medidas provisórias que tramitam no Congresso, sem passar
pela comissão mista, e que também estariam passíveis de ataques na
Justiça.
A decisão do Supremo evita “insegurança” a espeito das normas
analisadas pelo Congresso antes do julgamento desta quarta. "De fato, a
situação é muito grave, talvez uma das mais graves com as quais já
tenhamos nos deparado. Tendo em vista que a dimensão vai muito além do
que o caso que foi objeto da discussão", disse o ministro Gilmar Mendes.
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